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quinta-feira, maio 20, 2004

Física - notícia fresquinha.

Novas observações abrem frente de estudo da energia escura
18/05/04
21:20

SÃO PAULO (Reuters) - Uma equipe internacional de astrônomos desenvolveu um novo método de medição capaz de detectar uma forma de energia misteriosa, conhecida como energia escura, que pode ser responsável pela contínua aceleração do Universo desde quando tinha 6 bilhões de anos de idade.

Usando análises do observatório espacial de raios X Chandra, lançado em 1999 pela Nasa, a agência espacial norte-americana, cinco cientistas conseguiram criar um método poderoso para se calcular a massa e a energia do Universo.

Eles usaram informações de 26 aglomerados de galáxias situadas a distâncias entre 1 e 8 bilhões de anos-luz da Terra. Um ano-luz é a distância que a luz percorre durante um ano e corresponde a aproximadamente 9,5 trilhões de quilômetros.

As informações mostram a existência da energia escura, uma estranha forma de energia que age como se fosse contrária à gravidade, repelindo os corpos celestes entre si.

"A energia escura é talvez o maior mistério da Física", afirmou em comunicado o responsável pelo estudo, Steve Allen, do Instituto de Astronomia da Universidade de Cambridge, na Inglaterra.

"Por isso, é extremamente importante fazer um teste independentemente de sua existência e propriedades", afirmou.

Os testes podem determinar que algumas teorias sobre o fim trágico do Universo não são corretas. Entre elas está a desintegração do cosmos, gerada pela presença cada vez maior da matéria escura, e o "Big Crunch", que descreve o momento quando a aceleração irá acabar e o Universo irá entrar em colapso, voltando ao ponto da explosão inicial que deu origem a ele.

Isso seria possível se os cientistas conseguirem provar que a quantidade de energia escura presente no Universo é constante, contribuindo com a tese de que o espaço vai se expandir infinitamente.

"Os novos resultados obtidos pelo Chandra sugerem que a densidade da energia escura não muda rapidamente com o tempo e pode até ser constante", disse Allen.

Descoberta somente seis anos atrás, a energia escura compõe cerca de 75 por cento do Universo, segundo dados do estudo com o Chandra. A matéria escura é responsável por outros 21 por cento e a matéria visível fica com os 4o por cento restantes.

"Até que entendamos melhor a aceleração cósmica e a natureza da energia escura, não poderemos esperar entender o destino do Universo", disse Michael Turner, diretor-assistente de ciências físicas e matemáticas, da Fundação Nacional de Ciência dos EUA, no comunicado da Nasa, também divulgado no site http://chandra.harvard.edu.

(Por Alberto Alerigi Jr.)


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